O tema ganha cada vez mais destaque nas pautas do setor de saúde pelo seu papel estratégico
Interoperabilidade em saúde é fazer com que os softwares se comuniquem sem a arquitetura humana, ou seja, que os sistemas trabalhem simultaneamente, trocando informações de forma automática, para que o foco seja a experiência do paciente, o atendimento humanizado.
Com a interoperabilidade, as instituições ganham fôlego na frente operacional, além de reduzir custos, tornar a comunicação mais eficiente, otimizar tempo e processos.
Quer entender como? Então, confira essa matéria.
Interoperabilidade: uma ação regulamentada pelo Ministério da Saúde
A Portaria 2.073, de 31 de agosto de 2011 “regulamenta o uso de padrões de interoperabilidade e informação em saúde para sistemas de informação em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, nos níveis Municipal, Distrital, Estadual e Federal, e para os sistemas privados e do setor de saúde suplementar”.
De acordo com Alessandro Benites, Engenheiro de Sistemas, Co-founder da Dataintegra e especialista em interoperabilidade, a portaria foi um passo para reconhecer a importância do tema, mas é preciso mais. “Até porque estamos falando de vidas”.
Integrar x interoperar
Não basta integrar, é preciso interoperar. Parece complexo, mas é extremamente necessário tanto dentro de uma instituição de saúde, como para a comunicação entre várias instituições.
“A interoperabilidade vem de uma padronização de vocabulários, ou seja, de colocar as nomenclaturas dentro de protocolos internacionais de comunicação para que possam ser reconhecidas de qualquer lugar do mundo. Já a integração trata-se da parte técnica, ou seja, de fazer com que um sistema A crie uma ponte com o sistema B”, explica Benites.
Além da modernidade
“Não adianta investir em estrutura, em um hospital bonito, em equipamentos de última geração, em ótimos profissionais… – claro, que tudo isso é importante sim – se o conjunto não estiver interoperado”, ressalta o especialista.
Afinal, ter protocolos que se conversam é essencial para a otimização de tempo e de processos, para a redução de custos e para uma comunicação mais assertiva entre os departamentos.
E, vale destacar, que isso funciona dentro de casa (para os sistemas dentro de uma mesma instituição) e, também entre organizações de saúde. “Por isso mesmo, eu sempre destaco que o sistema público precisa evoluir no mesmo patamar que o privado”.
A exemplo disso, um acidente. Sabe o que ocorre quando você sofre um acidente? Para onde você é levado? Para um hospital do SUS. “Ou seja, não adianta ter um plano premium com um prontuário eletrônico repleto de dados de exames e consultas, todos derivados de um hospital de elite, se você chegar em um local que não tem seu histórico. Se ele não estiver interoperado com a instituição que costuma frequentar, de nada valerá”, diz Benites.
Por que interoperar?
“Novamente, nós estamos falando de vidas”, conta o especialista. No segmento de saúde, a interoperabilidade significa cuidar de pessoas por meio de dados. “Imagine só se há um link incorreto entre um exame laboratorial e o paciente recebe o laudo errado. Qual é o impacto disso?”
A interoperabilidade também significa, como falado no começo deste artigo, em reduzir custos e melhorar a experiência do paciente, uma vez que o lado operacional é deixado de lado (automatizado) para que a equipe assistencial foque no atendimento humanizado.
Desafios da interoperabilidade
O tema é destaque em inúmeros canais de comunicação, pautas de congressos e seminários. E mesmo depois de tudo isso, ainda não é realidade no Brasil? Por que?
Segundo Benites, o momento não é para desânimo, pois já existe bastante evolução a respeito do assunto, principalmente, no que tange ao setor privado. Mas, claro, ainda há um caminho a percorrer.
Para o gestor, o desafio reside em duas circunstâncias distintas:
- Por um lado, com o fornecedor: o fabricante de app e software do produto desenvolve a parte estrutural, mas não o linguajar padrão necessário para conversar com os demais sistemas que existem dentro de uma instituição de saúde, o que causa um grande impasse;
- Por outro, por uma questão de gestão e/ou ausência de conhecimento sobre o tema, que deixa tanto a questão da integração (link entre os sistemas, uma API) como da interoperabilidade (padronização de nomenclatura dentro de normas internacionais) para um segundo plano.
Nessas situações residem o problema. “É preciso pensar no ciclo como um todo”, explica o especialista. “O produto tem que ser criado dentro de critérios, assim como quem o adquire tem que entender que será incorporado no produto principal, dentro do seu negócio em saúde.
Essa comunicação precisa existir. Caso contrário, a interoperabilidade não acontece.
Resultado? Retrabalho (pessoas implementando os mesmos dados em dois sistemas diferentes); processos atrasados, perda de tempo e comunicação truncada. Enquanto o gestor não olhar para essa questão com atenção, os impasses permanecerão”.
Quão distante está a interoperabilidade para o país?
O tema está em evolução, demonstra sinais positivos, de acordo com Benites. “Estamos no caminho certo, mas precisamos pensar no público e no privado. Gosto de repetir isso. Afinal, eles precisam se comunicar”.
Quanto ao cenário ideal? Certamente, seria chegar em qualquer instituição de saúde do Brasil e, lá ter o seu prontuário eletrônico com informações dos últimos 10 anos de sua vida (exames que você fez, consultas realizadas, medicamentos que já usou e/ou ainda usa, tipos de alergia etc.)
“E tudo isso não está distante, pois estamos trabalhando para chegar neste nível de interoperabilidade. Então, se a sua instituição ainda não começou, esse é o momento”.
Aprofunde o seu conhecimento sobre interoperabilidade
A Otto hx convida você para o seu próximo webinar que traz como tema “Por que investir em interoperabilidade na saúde”. Ele ocorre no dia 04 de outubro, às 19h, com o apoio da Benner, FBAH, Medical Fair e da DataIntegra.
Convidado especial: Alessandro Benites, Engenheiro de Sistemas e Co-founder da Dataintegra. O executivo acumula 25 anos de experiencia na área de tecnologia em saúde, sendo os últimos 10 anos com foco em interoperabilidade.