27° CEO Survey: Líderes do Setor de Saúde no Brasil Veem Tecnologia como Motor de Progresso e Expansão

As inovações tecnológicas e os ajustes nas políticas governamentais emergem como os principais motores de transformação e geração de valor na esfera da saúde no Brasil para o futuro próximo, segundo revela a 27ª CEO Survey realizada pela PwC. 

A pesquisa deste ano abarcou a opinião de mais de 4.700 líderes empresariais espalhados por 100 nações, incluindo o Brasil.

Dentre os entrevistados brasileiros que consideraram os impactos como “muito” ou “extremamente significativos”, 68% preveem que as inovações tecnológicas serão determinantes para seus empreendimentos no decorrer dos próximos três anos. 

Tal perspectiva representa um aumento em relação aos 48% que compartilhavam dessa visão nos últimos cinco anos. Adicionalmente, a influência das normativas governamentais foi apontada por 58% dos dirigentes do setor como um vetor crucial de mudança para o período futuro, um crescimento comparado aos 45% do último quinquênio.

Bruno Porto, sócio da PwC Brasil e especialista no setor de saúde, observa que os segmentos hospitalares, de seguros e farmacêuticos no país são profundamente afetados pelas diretrizes governamentais, uma realidade que os CEOs brasileiros reconhecem, atribuindo a estas um impacto até maior do que a média global percebida.

A pesquisa deste ano também reflete um otimismo elevado entre os gestores do setor de saúde no Brasil, com 61% manifestando expectativas positivas para o aumento da receita de suas empresas no próximo ano. 

Este índice aumenta para 77% quando a projeção se estende para os próximos três anos. Um ânimo comparável é notado nas projeções para o crescimento econômico global e nacional, com 42% dos líderes de saúde brasileiros e 44% ao redor do mundo prevendo uma aceleração da economia global no próximo ano. Em contrapartida, 45% em média, considerando todos os setores, pressentem uma desaceleração econômica global.

No contexto doméstico, a confiança em uma economia em aceleração nos meses vindouros salta para 48% entre os brasileiros, superando a média nacional de 36% para outros setores. Porto complementa, destacando a singularidade do cenário brasileiro na saúde em comparação ao global, notando um aumento na receita que se mostra ainda mais otimista para os próximos três anos do que as expectativas globais.

Reinvenção Empresarial: Uma Necessidade Real do Mercado

Apesar do ambiente otimista, gestores do setor estão se mobilizando para mudanças significativas em seus modelos de atuação, impulsionados especialmente por progressos tecnológicos, exigências regulatórias e movimentações competitivas. 

A revolução tecnológica, as alterações climáticas, o envelhecimento populacional, entre outras grandes tendências mundiais que se intensificam, estão obrigando líderes empresariais de todas as áreas, inclusive da saúde, a buscar adaptações.

Dentre os fatores vistos pelos executivos ouvidos na pesquisa da PwC como ameaças enfrentadas pelo setor de saúde, os maiores são os riscos sanitários, os riscos cibernéticos e a inflação. 

Essa realidade provoca uma preocupação entre os dirigentes quanto à continuidade de suas organizações: 41% dos líderes brasileiros (45% globalmente) questionam se, seguindo o rumo atual, suas empresas continuarão a ser sustentáveis após mais uma década – representando um aumento em relação ao ano anterior. 

Esse cenário é igualmente percebido no âmbito da saúde, conforme indicam os dados da pesquisa: 42% dos executivos do setor duvidam da viabilidade econômica de seus negócios por um período superior a 10 anos, um salto em relação aos 27% do ano anterior.

Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), faz a seguinte observação “daqui a 10 anos, a demanda de saúde será maior do que a de hoje, o que estimula a uma oferta maior, mas talvez não precise de mais UTIs do que tem hoje, mas de outras coisas que não temos, como centros para cuidados continuados, modelos de atenção primária, mais tecnologia”.

Para enfrentar esse desafio, os CEOs estão se empenhando em ajustar suas empresas às novas realidades do mercado. Na área da saúde no Brasil, o estudo aponta que a criação de novos produtos ou serviços (65%), a formação de alianças estratégicas (55%), a incorporação de inovações tecnológicas (52%) e o desenvolvimento interno de novas tecnologias (42%), entre outras ações, têm sido fundamentais na reinvenção empresarial.

Potenciais e Desafios da Inteligência Artificial

A revolução tecnológica, com destaque para o uso da inteligência artificial (IA), especialmente a IA generativa no setor de saúde, constitui um dos focos principais da 27ª edição da Global CEO Survey. 

A pesquisa sublinha que a incorporação dessa tecnologia no setor de saúde no Brasil, bem como a necessidade de ajustar as estratégias tecnológicas às inovações que ela traz, estão em um patamar superior ao observado no contexto global do setor.

Para o próximo ano, as perspectivas em torno da IA generativa são amplamente otimistas e consistentes entre diferentes segmentos. Espera-se que, nos próximos três anos, o impacto dessa tecnologia se intensifique ainda mais.

No último ano, 32% dos executivos do setor de saúde no Brasil reorientaram a estratégia tecnológica de suas organizações em função da IA generativa, um índice superior à média global do setor, que é de 25%. 

Adicionalmente, 29% dos líderes brasileiros reportam que a IA generativa já foi implementada em suas empresas integralmente, superando a média global de 26% para o setor.

Para o ano seguinte, 65% dos participantes do setor de saúde no Brasil preveem que a IA generativa elevará a qualidade dos produtos e serviços oferecidos por suas empresas, e 52% acreditam que essa tecnologia fortalecerá a capacidade de construir confiança junto aos stakeholders.

Para os próximos 12 meses, a IA já poderá se estabelecer como uma ponte que irá elevar  significativamente os cuidados e a produtividade na saúde. A pesquisa aponta as seguintes taxas:

IA generativa na saúde

Imagem fonte 27ª CEO Survey (pág. 19), pela PwC

Nos próximos três anos, os desafios prometem ser ainda mais significativos, conforme indicado pelos líderes do setor. Para 81% deles, a IA generativa demandará que grande parte de seus colaboradores adquira novas competências. Paralelamente, 77% consideram que a tecnologia intensificará a competitividade no setor.

Principais Obstáculos

Além dos elementos e grandes tendências que moldam a transformação do setor, o estudo da PwC visa compreender os principais desafios enfrentados pelo setor no curto e médio prazo. 

Tanto no Brasil quanto globalmente, o ambiente regulatório é apontado como o maior entrave à inovação (pelo menos, de maneira moderada) – uma observação que ultrapassa a média brasileira. Em seguida, aparecem as prioridades operacionais que competem entre si, identificadas como o principal desafio nas médias das indústrias brasileiras.

“Muitas restrições percebidas à reinvenção recaem diretamente na esfera de influência do CEO. Processos burocráticos, prioridades operacionais concorrentes, recursos financeiros limitados, competências da força de trabalho e recursos tecnológicos estão sujeitos a alguma intervenção dos CEOs, como também a eficiência, que é uma área de preocupação para muitos líderes”, analisa Bruno Porto.

Expansão Internacional

Quanto aos mercados de maior importância para a expansão, o setor de saúde no Brasil alinha-se com a tendência geral das indústrias do país, destacando os Estados Unidos e a China como principais alvos. 

No cenário global, o Brasil, que em 2023 compartilhava a quinta posição com a França e o Japão, não figura mais entre os cinco mercados mais relevantes. Os Estados Unidos e a Alemanha mantêm-se como líderes.

Para os executivos brasileiros da saúde, os Estados Unidos continuam em destaque, enquanto a China agora divide o segundo lugar com o Canadá – este último não estava entre os cinco primeiros em 2023 – e o México, anteriormente na quarta colocação. 

A Argentina e a Colômbia, que não constavam na lista anterior, surgem em posições subsequentes, com a Alemanha descendo do terceiro para o quinto lugar.

Segundo Porto, o Brasil perdeu a atratividade para investidores estrangeiros por fatores como o “custo Brasil” e a complexidade de tributação. Dentro das indústrias de saúde é possível observar os reflexos desse panorama na ausência de presença estrangeira. 

Conclusão

A reinvenção do mercado da saúde no Brasil, de acordo com os dados levantados na pesquisa da PwC, está intrinsecamente ligada à implementação de tecnologias, à regulação governamental, à concorrência e às mudanças nas preferências dos consumidores e na demografia. 

Esses pilares terão um impacto muito maior na formulação de novos modelos de negócio que visam criar um sistema mais justo e sustentável em todos os níveis de operação. Os líderes de saúde estão sendo cada vez mais sendo cobrados por mudanças estratégicas, em caráter de urgência. Os dados indicam que a eficácia da liderança é valiosa para manter a motivação, questionar o status quo e ganhar impulso para a transformação.

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