Em entrevista para a Otto hx, Rudinei Dias Moreira, empresário com 34 anos na área de Saúde Pública, fala sobre avanços e desafios no setor
Sistema de Saúde Pública no Brasil. Certamente, uma importante conquista para a população. Afinal, ele democratizou a saúde, permitindo acesso a tratamentos a quem estava à margem do cuidado. Desde então, muitas coisas mudaram… Hoje, o cenário é outro. Quais foram os avanços? Quais os desafios que ainda figuram na vida de instituições e gestores do setor? E o que pode ser feito de diferente?
Para responder essas e outras perguntas sobre o tema, a Otto hx convidou Rudinei Dias Moreira, empresário com 34 anos de experiência na Gestão de Saúde Pública, que acumula amplo conhecimento em desenvolvimento de estratégias e metodologias inovadoras para o segmento.
Um overview sobre o mercado: os avanços
“Do ponto de vista tecnológico (exemplos: cirurgia robótica e tratamento de câncer) houve um amplo avanço”, conta Moreira. Para ele, a evolução se expandiu para os campos da prevenção e da imunização, assim como para os cuidados paliativos e de controle de doenças, como Hepatites B e C e HIV.
“Com relação a estratégia de saúde da família também houve um progresso significativo, principalmente, no que tange a prevenção”, explica. Dentro desse contexto, a regulação de acesso veio para garantir a integração das redes de saúde, além das segmentações das linhas de cuidados.
Os desafios da Saúde Pública
Embora os avanços tenham sido grandes para o Sistema de Saúde Pública com o passar dos anos, ainda há muito para fazer e vazios a serem preenchidos, principalmente, com relação a gestão, de acordo com Rudinei, que cita alguns exemplos:
- Melhorar a eficiência dos gastos e operacional;
- Estabelecer uma comunicação efetiva e transparente com a sociedade;
- Investir na identificação de cada cidadão com suas condições de saúde, tirando-o do completo anonimato;
- Identificar e administrar as demandas da população, tirando-a do profundo desconhecimento;
- Planejar a assistência e cuidados com base na qualificação técnica e de forma simétrica com a vocação assistencial e capacidade operacional da rede de saúde;
- Capacitar os profissionais em novas técnicas de gestão;
- Criar modelos de remuneração dos profissionais com base nos resultados entregues.
“A Saúde Pública não é boa!”
Essa frase ecoa inúmeras vezes nas portas de unidades de saúde, em conversas de familiares e amigos e até entre os profissionais de saúde. Mas, será que ela é mesmo verdadeira? Ou há um pré-julgamento das pessoas a respeito da prestação do serviço?
“O sistema público de saúde brasileiro é, sem dúvida, uma grande conquista do ponto de vista social. Entretanto, sofre por sua ineficiência na gestão (logística e de informação), complexidade operacional (processos e capacitação) e compreensão da população (massificação do uso e uso discricionário)”, explica o especialista.
Além disso, segundo Moreira, o setor não deve ignorar a insatisfação da população por serviços, cuidados e atenção que não recebe. “Embora, com frequência, a falta de serviços esteja ligada, em muitos casos, a forma de tratamento interpessoal ou a falta de feedback sobre determinada intercorrência operacional”.
“Por outro lado”, continua o empresário, “ainda há vários problemas de infraestrutura e recursos que precisam de solução”. Uma prova disso é o acesso à especialistas, diagnósticos e medicamentos.
A solução? Três palavrinhas: planejamento, estratégia e gestão. Para começar, a implantação de tudo isso no atendimento, incluindo também rápidas e dinâmicas intervenções junto aos colaboradores. “Hoje, a gestão de demandas é passiva, suas respostas são dadas por procura, não por planejamento”.
Saúde sem fila: utopia ou realidade?
“A área de serviços no Brasil, principalmente, os públicos, são fábricas de fazer filas. São pessoas idosas, carentes e até com restrição motora, que peregrinam dias e dias em busca de atendimento, inclusive, madrugadas adentro”, ressalta Moreira.
Um cenário penoso para a população, não é mesmo? E, por isso, o primeiro passo para melhorar a Saúde Pública, tem que ser por aí. “Precisamos dar dignidade às pessoas, tirando-as dessas filas sem fim. Temos que dar segurança e conforto”.
Ao visitar uma Secretaria de Saúde, Rudinei avistou uma senhorinha. Ela carregava dois grandes pacotes, um em cada mão. “Ela mal conseguia erguê-los. Eram fraldas geriátricas. Mensalmente, ela ia até lá para buscá-las. Um sacrifício para quem já tem problemas demais. Portanto, uma das soluções dessa instituição foi implantar um processo logístico para entrega em domicílio, começando pelas fraldas geriátricas e fitas para medição de glicemia para depois, medicamentos”.
Como estruturar a saúde pública com menos gastos e mais estratégias?
O Webinar da Otto hx, que acontece no dia 18 de agosto, às 14h, traz o tema “Como estruturar a saúde pública com menos gastos e mais estratégias”. O evento online tem como objetivo levar soluções que permitam ao gestor de saúde garantir maior eficiência, eficácia e efetividade no processo de gestão e atendimento.
“Esse processo passa, inicialmente, pela avaliação da expectativa de necessidade, filas de espera e demandas reprimidas”, explica Moreira. “Nesse último caso, após a definição dos seguintes parâmetros e conceitos:
- Avaliação da vocação da rede de saúde e sua capacidade de atendimento/hora, dia, mês e ano;
- Utilização da capacidade ociosa, investimentos e custeios mais precisos;
- Revisão dos processos de trabalho, seus fluxos, padronização e capacitação dos profissionais”.
Rudinei Dias Moreira será o palestrante convidado desta iniciativa, que tem como eixo central “A Saúde Pública Estratégica”.
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