A urgente necessidade de digitalizar a Atenção Primária e os benefícios que as soluções digitais podem trazer para todo o sistema
Com 34 anos de existência, o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentou diversos desafios ao longo de sua história. Subfinanciamento, envelhecimento da população, aumento de doenças crônicas e deficiência tecnológica são alguns desafios já conhecidos. Mas, nos últimos dois anos, a pandemia da Covid-19 escancarou ainda mais os principais gargalos da saúde pública.
Muitas soluções para esses obstáculos estão na definição de novas estratégias de modelos assistenciais, que através da tecnologia, tem a capacidade de garantir maior qualidade e segurança na prestação de serviços.
Isso porque a tecnologia possibilita potencializar a eficácia do atendimento, melhorando a performance das estruturas existentes. Segundo o estudo “Perspectivas globais para o setor de Saúde 2021”, realizado pela Deloitte, quase 65% dos provedores de saúde da Europa afirmaram que a sua organização aumentou a adoção de tecnologias digitais com o objetivo de apoiar as formas de trabalho dos médicos.
Ainda de acordo com a mesma pesquisa, 64% dos líderes entrevistados disseram que a organização aumentou a adoção de tecnologias digitais para fornecer suporte virtual e formas de interagir com seus pacientes.
Atenção Primária Digital no Brasil
No Brasil, a pesquisa “O avanço digital na assistência à Saúde”, realizada pela PwC, constatou que os estabelecimentos de saúde – públicos e privados – possuem estrutura necessária para o armazenamento de dados de paciente em um sistema de nuvem, porém apenas 53% dos estabelecimentos registram informações clínicas e cadastrais em prontuários eletrônicos.
A mesma pesquisa mostra também que a tecnologia é menos utilizada para embasar decisões de atendimento. Diretrizes clínicas ou práticas recomendadas e protocolos são registradas em apenas 27% dos estabelecimentos. Já dados como alertas de alergia a medicamentos, contraindicações, interações medicamentosas, entre outros são registrados em menos de 20% das clínicas e hospitais do Brasil.
Para reverter esse cenário e, visando trazer ainda mais a tecnologia para o dia a dia da saúde pública, o Ministério da Saúde assinou recentemente a portaria que regulamenta o programa Telessaúde Brasil para consultas médicas on-line por videochamada e telediagnóstico para atendimentos especializados, médicos à distância. Os primeiros municípios que serão beneficiados com esse programa são aqueles localizados em áreas remotas, rurais e indígenas do país.
O principal alvo do Telessaúde Brasil é a atenção primária digital, uma vez que a tecnologia irá proporcionar uma maior aproximação entre a atenção especializada dos primeiros atendimentos.
Dentre os benefícios dessa iniciativa está a redução de custos com deslocamentos complexos, uma vez que, em se tratando de Brasil, em muitas regiões, o transporte é contabilizado por dias de barco ou horas de avião.
Além disso, por meio da tecnologia na atenção primária digital é possível, por exemplo, detectar e tratar desde cedo doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, ou ainda, problemas de tabagismo. Ou seja, tudo isso permitirá uma qualidade de vida melhor para população. Outro benefício será a redução de custos no futuro para todo o Sistema de Saúde.
Vale ressaltar que, com um ambiente digital, exames de pacientes podem ser analisados por uma equipe multidisciplinar, independentemente, da localidade e distância.
Tamanha importância da tecnologia na atenção primária digital que o governo também anunciou cerca de R$ 14,8 milhões de investimentos para o projeto-piloto UBS Digital.
O objetivo é estruturar e informatizar Unidades Básicas de Saúde (UBS) em áreas remotas em 323 municípios. Também está incluso nessa iniciativa a ampliação de atendimentos à distância, implementação de ferramentas, como o prontuário eletrônico, conexão à internet e sistemas de informação.
A ideia é fornecer às UBS condições para que sejam feitos telediagnósticos, teleconsultoria e teleconsulta com especialistas.
Essa ação do governo vem ao encontro da mudança de cultura de profissionais e pacientes sobre o atendimento virtual. Esse novo comportamento foi uma das saídas encontradas para os atendimentos durante a pandemia da Covid-19 e, pelo que tudo indica, veio para ficar.
Com a experiência que tivemos com a Covid-19, aprendemos ainda o quanto é importante fortalecer a incorporação tecnológica a fim de criar formas modernas e eficientes que solidifiquem novas estratégias de cuidado, a relação público-privado, como também a relação médico-paciente.
Na gestão, a tecnologia proporciona a consolidação de um modelo de gestão focado no cidadão, apoiado em estratégicas de acesso, atenção e comunicação. Isso significa melhor eficiência, redução de custos com atendimentos, melhor gestão de filas, acesso aos serviços de forma integrada, modernas metodologias de trabalho, monitoramento e avaliação de resultados através de ferramentas como B.I (Business Intelligence), dentre outros.
Esse cenário já é realidade em poucos municípios brasileiros. A cidade de Viamão, localizado na região metropolitana de Porto Alegre (RS), com 251 mil habitantes, vive essa experiência. Por lá, a saúde pública investiu fortemente em tecnologia. Foi feito desde o cadastramento da população através da identificação biométrica, até mesmo a implementação de prontuário eletrônico, teleagendamento, tele e vídeo consulta e integração de serviços.
Inicialmente, foram cadastradas cerca de 150mil pessoas, superando a meta que era atender cerca de 40 a 50% da população. Hoje, o município já conta com mais de 230 mil usuários com o Cartão de Saúde. Esse dado evidencia o quanto a tecnologia não só é bem aceita pelos profissionais, como também pelos próprios pacientes.
Para o Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria da Secretaria de Saúde de Viamão, a tecnologia auxiliou na organização das agendas e dos fluxos de atendimento.
O sistema de regulação implantado permitiu uma maior comunicação entre as equipes, integrando dados, como consultas, medicamentos e resultados de exames. Também é possível controlar e avaliar os serviços prestados na ponta, avaliar a situação de saúde e doença do usuário, além de monitorar o absenteísmo dos pacientes em suas linhas de cuidados.
A integração do sistema de regulação com o prontuário eletrônico do paciente permite que os médicos verifiquem, em tempo real, a situação do usuário na UBS, por onde ele passou no sistema público de saúde do município, além do acompanhamento de medicamentos e do esquema vacinal, a necessidade de visitas domiciliares, dentre outros cuidados.
Já a solução de teleagendamento, implementada em Viamão, possibilitou a qualificação e organização do atendimento. Apenas com a organização das agendas, por exemplo, foi possível aumentar em 30% a oferta de consultas para a população com o mesmo número de trabalhadores na saúde.
Com o teleagendamento, o usuário, agora, vai apenas na hora marcada de sua consulta, sem ter que ir à UBS e esperar por muito tempo ou correr o risco de não ser atendido.
O que aconteceu em Viamão prova como a digitalização da saúde pública é uma oportunidade de transformar o futuro do setor, com o olhar centrado no paciente através do uso e da disponibilidade de dados e novas tecnologias.
Soluções para Gestão de Saúde Pública Otto hx
Como vimos, hoje a estruturação otimizada da rede pública de atendimento, por meio de tecnologias de alto desempenho e estratégias inovadoras, já é uma realidade e pode ser realizada de forma que os municípios e estados não precisem necessariamente aumentar sua infraestrutura ou equipes assistenciais.
Nossas soluções permitem extrair toda performance da estrutura já existente, qualificando os investimentos, recursos e garantindo melhores resultados e percepção do cidadão.
Atender ao paciente tão somente ao paciente, já não faz a diferenças, é preciso mais. Com as escolhas e decisões acertadas é possível fazer muito mais e obter resultados de alto valor agregado aos cidadãos.
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